segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A postcard would be nice but folk blues pussy do the trick

Ontem vi o (500) Days of Summer. Eu sei que mal um gajo vê o título do filme e depois vê o trailer topa logo que é mais um filmezeco indie meio triste mas bonito e colorido, divertido e com boa música. O filme é assim mesmo mas não quer dizer que seja mau. Aliás, não pode ser, eu gostei. Trata-se de um gajo normal que queria ser engenheiro mas que não sabia fazer as contas e que depois, como todos, para disfarçar diz que quer ser arquitecto, mas que afinal ganha a vida a escrever postais. Apaixona-se pela gaja que tira fotocópias e que só o faz para se armar em independente à frente dos pais porque provavelmente não precisa daquilo, deve ser rica. Digo isto porque só veste roupa tipo anos 60 e isso ou se encontra no armário da vossa mãe/avó mas com cheiro a mofo, ou então numa loja que venda esse tipo de merdas mas que por serem vintage são logo caras como o caralho. Eu aposto nesta última hipótese acrescentando ainda que deve ser o pai que lhe compra os trapinhos às escondidas da mãe porque eles divorciaram-se, ainda a Zooey era pequenina. De certeza que é assim, só pode. Depois o cara de cu dos postais fica 500 dias ora apaixonado, ora triste, ora feliz, ora miserável, ora contente, ora a dormir, ora a comprar whiskey de robe e chinelos, ora a ir a casamentos. Tudo isto a pensar na Zooey que no filme se chama Summer. Este pormenor poderá enganar o mais estouvado dos espectadores pois sem saber nada sobre o enredo facilmente se é levado a acreditar que o filme é sobre um Verão que tem 500 dias e começa-se logo a fazer planos para arrendar uma casa na Costa Vicentina, porque agora toda a gente se lembrou que aquilo é muito bonito e calmo e agora toda a gente gosta de férias calmas e bonitas, de preferência na Costa Vicentina. Um gajo pode enfiar-se num buraco feito num mato qualquer ali na Maria do Vinagre que se depois disser que esteve na Costa Vicentina é logo "ah, pois é, é muito bonito, sempre gostei muito dessa zona, adoro aquelas praias". O filme é bom, a sério que é e eu gostei. Mas tem um problema: a mim, a certa altura, fez-me sentir uma gaja. Sim, porque este é daqueles filmes que ou se é uma gaja com bom gosto e não há problema, ou então se tivermos pila torna-se mais complicado. Eu, pessoalmente, não acho que haja mal em sentir-me uma gaja enquanto vejo um filme, a não ser que ao meu lado tenha alguém com uma t-shirt lilás da Zara a bater o pé ao som de Scissor Sisters de forma muito eufórica. Nesse caso volto logo ao modo macho latino e, enquanto cofio as guias do meu Handlebar com ar de quem quer matar bebés ao pontapé, digo logo uma frase qualquer tipo “volta para a tua terra paneleiro do caralho” para marcar uma posição. O problema resolve-se na hora e todos ficamos a ganhar – eu de volta ao meu estado natural e o mundo com mais um maricas ofendido, nunca são demais. Bem, (500) Days of Summer acaba com o gajo dos postais (que agora me lembro, era o garoto de cabelo compridão do 3rd Rock from the Sun que tinha aquela gaja toda matulona e com grandes mamas) a desapaixonar-se pela Zooey e a mudar de estação do ano enquanto espera sentado para uma entrevista de emprego como arquitecto, porque no meio disto tudo ele decidiu deixar-se de merdas e seguir o sonho. A estação para que muda é a que vem a seguir claro, tem tudo uma lógica muito bonitinha. Vejam o filme, portanto. Se quiserem. Ninguém vos vai obrigar, podem continuar a vossa vida sem este. Há outros que nem tanto mas não é esse o caso, seus bundões.


Bom: O Ringo Starr é referido mais do que uma vez durante o filme. Nunca um gajo com aquela tromba foi tão falado num filme; as referências músicas são aceitáveis, previsíveis mas aceitáveis e gostei da cor do filme; além de tudo mais acho a Zooey Deschanel mais que fodível e está gira durante quase todo o filme, com estilo e tudo.

Mau: Não sei se será necessariamente mau mas o Rui Patrício é capaz de não acompanhar muito bem o filme porque está cheio de recuos e avanços na história (isto em gíria cinéfila tem uns nomes mas não me lembro e vocês devem ser espertalhaços, entendem logo o que quero dizer), ainda que exemplarmente assinalados; se forem homens é possível que a certa altura se sintam gajas tal é o nível de putice a que a Summer parece chegar; acho ainda que o filme podia vir com um dispositivo qualquer que mal nos sentíssemos gajas, nos fizesse crescer automaticamente um par de mamas, assim sempre tínhamos com que brincar até o filme acabar.

Sem comentários: