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Sou um gajo que anda. Além de até não me incomodar muito dar às pernas - primeiro a esquerda depois a direita (não obrigatoriamente por esta ordem) e assim consecutivamente até chegar ao destino, é daquelas coisas que tem de ser. Hoje tive de caminhar, tinha um lugar a que queria chegar que não era imediatamente a minha cama ou a secretária e, sendo assim, tive de caminhar. Eu não acredito no destino mas acho que alguém anda a tentar impingir-me um. Esse alguém ou tem mau gosto ou então um "estilo muito próprio", que é aquilo que os artistas alternativozinhos que exageram na palavra contemporâneo dizem da "arte" que produzem. Que, por sua vez, é uma valente bosta mas que muitos acham piada, ou porque tem umas quantas cadeiras de madeira pintadas e penduradas por arame no tecto ou uns quantos ratos brancos em fila que significam uma merda qualquer social, ou assim. E eu sei do que estou a falar porque já paguei para entrar em museus em que estavam lá merdas destas ou semelhantes. Bem, este destino que me estarão a impingir parece que envolve ver coisas do mais bizarro e simultaneamente agradáveis possível no pequeno período de tempo de uma caminhada (digamos 20 minutos). Começando... hoje vi duas velhas à porta de uma loja chinesa a beijarem-se. E não, não foi um beijo como os que eu dou aos meus pais. Foi mesmo ao estilo de um Rocco's Breaking Ass in St. Petersburg ou de um Jenna Loves Rocco. E sim, eram velhas mesmo velhas daquelas que só imaginamos a falarem dos nossos avós e de como no tempo deles é que era bom. Suponho que num lar repleto de velhos cheios de memórias sexuais difusas aquelas senhoras fizessem sucesso mas ali, naquele momento, só me conseguiram provar que quando um gajo quer e se esforça até consegue controlar o vómito. Depois, chegado a uma zona fulcral para o objectivo da minha caminhada, deparei-me com um gajo, que devia ter a minha idade, sem o braço esquerdo e com um conjunto de dentes, digamos, parcial. Acho incrível como é que há pessoas novas com os dentes em tão mau estado. Quer dizer, do aileron no Seat Ibiza duvido que se tenha esquecido mas, como se não lhe bastasse não ter um braço, tratar dos dentes está quieto. Não, nada como não ter os dentes da frente e os restantes a roçar o podre para fazer pendant com o autocolante tribal muito louco na parte de trás do bólide. Mais tarde, ao balcão de um café e já mais relaxado, encontrei-me ao lado de uma senhora que enquanto pagava o pastel de nata para comer ali, descobriu ter ainda uma série de moedas de escudo na carteira. Podiam não ser assim tantas, nem me preocupei em saber quantas ao certo, mas nos dias que correm quaisquer duas ou três moedas de 10 escudos num porta-moedas bafiento formam uma multidão, com direito a grupo no Facebook e tudo. Claro que as pessoas podem dizer "ah, gostava muito do escudo, guardo como recordação". Epá, ok até aceito isto. Mas guarda-las na carteira e depois ainda dar a desculpa ao empregado do café de que devem ter-lhe dado como troco noutro lado qualquer sem que ela se apercebesse... a sério? Deram-lhe não sei quantos escudos depois de pagar não sei o quê com uma moeda de, digamos, 1 euro e não reparou?! Come on, dude! Essa merda deixou de circular há onze anos! Por fim, vi um senhor com uma daquelas manchonas inchadas e encarnadas na cara (aquilo é mais grená que outra coisa mas pode haver por aí algum génio que não tenha aprendido as cores em EVT. Já pouco me espanta depois de ter ouvido o discurso da Miss Teen Carolina do Sul). É daquelas manchas que parecem um tumor mas que não devem ser, porque o senhor até ia a sorrir e tudo e todos sabemos que o cancro é uma coisa séria e que de coisas sérias ninguém se ri. Agora, se isto é realmente um destino não sei. Se de facto for, é lerdaço e sem jeito nenhum. Um destino que se resume a um gajo ver coisas estúpidas enquanto caminha e depois ir escrever sobre essa porcaria num blogue não presta. Por outro lado, não deixo de pensar que se deus existisse havia de gostar de passear por cá.