quinta-feira, 13 de maio de 2010

When the shit hits the fan

Um asno qualquer da Academy Awards: Vá, este ano podemos nomear um filme de domingo à tarde bem rasco, daqueles mesmo maus e cheios de merdas mais que repetidas. Tem é de ter umas duas horas para as pessoas se enfadarem enquanto contam o tempo que falta para o final.
Uma burra qualquer da Academy Awards lá do Alentejo norte-americano (enquanto esticava o dedo e gritava "uh uh"): Já sei, já sei e tem a Sandra Bullock e tudo! É sobre um preto pobre, blá blá blá, história verídica, blá blá blá. Uma merda pegada, as pessoas vão adorar!

E pronto, assim se explica porque raio este filme teve o sucesso que teve. Não pode ter sido de outra maneira. Para uma porcaria de filme sobre a relação entre um negro de um bairro desgraçado que afinal até tem jeito para coisas e depois se torna um sucesso a fazê-las, e um branco que não parece nada sim-senhor mas afinal é uma jóia de pessoa já chegava o Finding Forrester. No caso de Blind Side o rapaz tem jeito para jogar futebol americano. Ena, que estranho - um preto gigante e pobre com jeito para jogar futebol americano. Coisa rara nos states, decerto. Eu já aqui tinha exprimido o que acho das incrivelmente ridículas nomeações dos Oscares deste ano mas depois de ter visto o Blind Side só me apetece tirar a licença de porte de arma o mais rápido possível e descarregar uns chumbos aleatoriamente por uma qualquer rua de Hollywood. Se me enganar no caminho e for parar a Setúbal não faz mal, ao menos lá estão mais habituados a tiros do que a bons filmes. É que o facto de ter visto este filme lixou-me completamente as prioridades cinéfilas. Primeiro, porque se tirei duas horas para ver esta estrondosa bosta posso muito bem tirar mais não sei quantas para ver tudo o que a grelha de domingo à tarde da TVI tem para me oferecer; segundo, porque se me dei ao trabalho de ver o Blind Side posso também começar a ver todos os outros filmes de merda que vão saindo. E sim, os dois Sex and the City incluem-se nessa triste lista que já devem ter começado a fazer mentalmente. Não há muito para dizer sobre este filme - é mau, ponto final. É incrível como é que a Sandra Bullock ganhou o Oscar com uma interpretação tão medíocrezinha mas, se formos a ver bem as coisas, as interpretações da moça não passam disso mesmo - medíocres, aceitáveis, daquelas que um gajo diz "vá, até passa". O garoto que faz de filho dela é irritante e parece uma imitação chinesa, daquelas bem más que se partem logo a tirar da caixa, do Macaulay Culkin quando tinha 10 anos. O gajo que faz de preto grande e calado até nem está mal de todo mas articular meia dúzia de palavras durante um filme também não deve ser assim tão difícil, até aquela actriz surda que entrou na série Seinfield consegue. Nem o facto da Sandra Bullock ter escrito "MILF" na testa em cada cena que aparece torna o filme melhor. É uma nojeira pura e dura mas que de certeza muita gente gostou porque "ai, é daqueles que nos mete a lágrimazita no canto do olho e mostra como afinal ainda há boa gente no mundo que ajuda os pobrezinhos e, quem diria, logo num estado sulista". Nem dar fome dá, a porcaria do filme. Ao menos podia ser a treta que é mas ter cenas com boas refeições que estimulassem o snack nocturno mas nem isso. Toma lá duas horas de filme completamente insípidas e já vais com sorte. Eu reconheço que pode ser implicância minha e que possam gostar do filme mas também aposto que por cada 10 pessoas que gostaram ao ponto de o rever ou aconselhar, 8 ou 9 vêem Grey's Anatomy e acham a Big Bang Theory uma grande série de comédia. Mas relaxem, isso pode não querer dizer nada, como aquele caroço debaixo da mama que passado um tempo desaparece.

Bom: Apesar da intenção depreciativa com que é utilizado, o nome Woody Allen é dito uma vez no filme; o título do filme lembra-me três músicas de que gosto - uma, duas, três.

Mau: Tudo o resto.

1 comentário:

Joel Correia disse...

"Se me enganar no caminho e for parar a Setúbal não faz mal, ao menos lá estão mais habituados a tiros do que a bons filmes"
Genial!