terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"A 'cunt' is a large lamp"

Desde que sou o maior (ou seja, desde muito muito petiz, desde o início dos tempos praticamente) que me lembro de ver filmes. Uns eram bons e outros nem tanto mas lá os via. Comecei em família, depois com amigos, às vezes sozinho e outras tantas com um rolo de papel higiénico ao lado. Primeiro os da Disney, depois os outros e algures pelo meio aparece a pornografia com um destaque decadente, qual placa de néon em Amesterdão, mas sempre seguida de perto por todos os outros. Os outros são demasiados e alguns muito bons. Tendo começado em tão tenra idade foi igualmente cedo que ouvi falar nos Oscares e na Academy Award. Sobre esta e sobre a cerimónia deste ano só direi que se as nomeações do ano passado roçaram a brincadeira, este ano a academia corre o risco de fazer tão má figura quanto a Luciana Abreu e o Djaló quando registaram o nome da filha, com toda a gente a rir mal viraram as costas e tudo. Foi uma vergonha. Até a Linda Reis, que ia a passar pela conservatória toda nua e flácida, comentou que era uma vergonha. Mas nem tudo é mau e no nosso caso, Kynodontas - o filme que aqui representa as nomeações para melhor filme estrangeiro - é bom. Muito resumidamente poderia dizer que se trata de um filme sobre um casal que cria os três filhos já adultos como cães. Isto é dizer muito pouco mas com certeza já toparam a fórmula espertalhona destas resenhas: pego num filme e aproveito para falar de outras merdas quaisquer - muita sagacidade se respira neste blogue. E falando em cães, podia falar-vos de um Rottweiller enorme que conheci. Vivia numa jaula toda bonita e era alimentado por uma portinhola como nas prisões dos filmes. O dono nunca o tratou mal mas o raio do bicho foi-se tornando no filho do diabo e por ser demasiado mau teve de ser abatido. Não quero ser repetitivo nos assuntos que aqui abordo mas... acho que os responsáveis do Sporting deviam pôr os olhos nesta história do Rottweiller e reflectir. Se um jogador é mau não será mesmo melhor/rentável/piedoso abate-lo? Até dizem que os terrenos em Alcochete são pantanosos o que facilitaria o desaparecimento de uns quantos cadáv... jogadores. No caso do Yannick só era chato porque depois era mais uma Lyonce Viiktórya sem pai. Bem, mais uma como quem diz. Além de ser um nome raro vamos lá ver se quando a garota crescer não se revolta com a bonita escolha dos papás e se junta à estatística nacional de suicídio infantil. De volta a Kynodontas, então. Seria desonesto dizer que é apenas um filme sobre a educação animalesca de um trio fraterno. É impossível não referir a bifacialidade que o título do filme toma ao longo do tempo, o estupro permanente da linguagem pelos pais de forma a manter a peculiar escolha pedagógica dos filhos ou a sensação de voyeurismo com que somos confrontados durante quase todo a fita. Chega a ser incómodo e apesar de não haver referências temporais verbalizadas o ambiente à la anos 90 é um mimo. Eu pelo menos não sou dos que odeiam os nineties, facto que se deve em boa parte a muita da música que oiço (quem gosta de bom rap and such sabe do que falo). Além do mais, é impossível não apreciar um filme onde a versão da Fly Me to the Moon de Frank 'the voice that thrills millions' Sinatra é traduzida de forma tão... livre. Acrescente-se ainda que apesar de eu ser todo modernaço e partidário do DVD e do MP3 e da fibra óptica e do voto feminino e dos bancos de células estaminais e da mudança social no Egipto (é realmente incrível o poder da revolta popular numa nação de vendedores de tapetes. Pelo menos a má publicidade dos tubarões já foi esquecida e com tanto jacto de água atirado pela polícia sempre tomam um banhinho), acho admiráveis as inovações que o filme sugere na utilização de um objecto tão obsoleto como as cassetes VHS, bem como na prática de sovar alguém com recurso a fita adesiva castanha. Se aguentarem ouvir falar grego durante uma hora e meia e não tiverem problemas com sexo incestuoso vejam o Kynodontas. É bom e desconfortável e poderá ser perturbador para os espíritos mais fracos mas também o é a cara da Manuela Moura Guedes e durante anos ninguém se queixou.

Bom: A dança das filhas na celebração das bodas dos pais, sempre dá uma ideia daquilo que seriam as festas de lançamento do Pirilampo Mágico se alguém pusesse LSD na taça de ponche; gostei da casa onde vivem mas temos de esquecer os muros à volta e o facto de provavelmente ficar em lugar nenhum, num cu de judas daqueles que não interessa a ninguém. Mais ou menos como o papel do Defensor Moura na política nacional.

Mau: A cena com o halter na casa de banho, foda-se. Admito que não estava à espera.

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