Dumb and dumber go stupid

Quando eu for grande também vou querer ter 16 anos e deixar crescer o cabelo e depois penteá-lo de maneira a que pareça despenteado mas, tipo, só na parte de trás e vou fazer uma madeixa azul escura toda rebelde e também vou fazer o máximo para parecer o mais pálido possível. Depois também vou usar calças coloridas muito justas e cenas tigradas e camisolas pretas de bandas com letras que ninguém consegue decifrar porque vou ser, tipo, muito magrinho e alternativo e vou ter de mostrar como sou frágil e sensível mas que gosto de música de homem que afinal não é bem de homem. Quer dizer, nem dá bem para ver se é de homem ou não porque é tudo igual. Depois ponho uns túneis nas orelhas de maneira a que possa lá enfiar um dedo, mas um dedo tipo o polegar porque o mindinho é para meninas. Não que me importe porque vou ser tão sensível como uma gaja e vou ouvir música tão cool com letras sensíveis e pesadas mas com partes cantadas de forma melosa e outras guinchadas tipo porco. Mas só mesmo a imitar um porco porque vou ser tão sensível que não vou poder comer, tipo, outros animais and stuff, se não choro e depois tenho de ir contar tudo aos meus amiguinhos no blog do myspace e no fotolog. Também vou gostar que me chamem um nome qualquer que inventei. Quer dizer, inventar não inventei, vi no Naruto porque também vou gostar bué de coisas japonesas e hei de ir ao tradutor do Google ver como é que se escreve o meu nome em japonês e tudo. Provavelmente também vou andar sempre a dizer que adoro fotografia mas no fundo o que gosto mesmo é de tirar fotografias a mim mesmo e depois alterá-las no Fotoshop para ficar com uns olhos tipo vampiro ou zombie porque também são cenas alternativas e negras e sanguinárias e eu vou gostar disso tudo. E vou adorar usar expressões como WTF, LOL, OMG e outras siglas assim, seja quando estiver a teclar na internet com os meus amiguinhos ou quando estiver na fila do McDonalds do Parque das Nações, porque mesmo sendo vegetariano aquilo é, tipo, tão bom que não faz mal. Também vou passar a vida a queixar-me das pessoas que implicam comigo só porque tenho dois buracos nas orelhas do tamanho de berlindes e uma argola no meio do nariz e um cabelo ridículo que eu não vou achar ridículo porque se um gajo dum fórum sobre o Naruto me disse que era fixe de certeza que é fixe. Afinal de contas vou ser apenas um adolescente bué livre e com ideias bué próprias e com um sentido de independência bué afeito mas que chora de cada vez que está para sair um novo episódio do Naruto e afinal não sai. Só. Não há mal nenhum nisso, as pessoas é que são, tipo, bué parvas. Vou ser assim e vou curtir ir para os centros comerciais fazer nada e andar por lá de coca-cola na mão e olhos pintados e correntes ao pescoço e nas calças e a fazer coisa histéricas enquanto tiro fotografias bué artísticas nas escadas rolantes com os meus amiguinhos que são como eu, bué alternativos e sensíveis e isso. E também havemos de ir a concertos de música pesada mesmo que não conheçamos as bandas, só naquela dos outros verem como somos alternativos e curtimos música pesada mesmo à frente do palco mas parados. De vez em quando lá havemos de descruzar os braços para pentear o cabelo ou ajeitar o piercing mas mais do que isso não porque mexermo-nos num concerto is so uncool e faz-nos chorar e depois borramos a sombra dos olhos toda e isso. A única chatice é que nessa altura vou ter de deixar de gostar do Sporting e de gajas e de comer bifes e camarão e de beber cerveja. Mas 'tá-se bem, ao menos já sei que não vou ser o único.