Ir ao cinema é como sexo: é estúpido pagar por algo que se pode ter à frente do computador.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
segunda-feira, 28 de maio de 2012
You can't unring a bell
É verdade que há certas coisas que os gordos não podem fazer, comer pouco é uma delas.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Extinction burst
Não sei o que será mais difícil encontrar em África, se um rinoceronte-negro ou um obeso.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
quarta-feira, 23 de maio de 2012
A singer must die
Passam hoje dois anos sobre a morte do cantor Beto mas vou conter-me na reacção... Não acho que se deva beber champanhe por tão pouco.
The last lost continent II
O Festival Eurovisão da Canção é o maior exercício de masoquismo colectivo que conheço, até estranho não ver mais mordaças e cabedal no público.
The last lost continent
O Festival Eurovisão da Canção é a prova de que ainda há algo que une os europeus: a estupidez.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Behind the screen
Os efeitos especiais usados nas séries portuguesas são tão especiais como aquele garoto que na creche ficava a um canto a babar-se enquanto os outros brincavam.
Put it in the pocket
Vê-se mesmo que estamos em crise, até a Fernanda Serrano já começou a poupar no cancro.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Sexual abyss
A diferença entre eu a comer tempura e um necrófilo é que eu deixo sempre arrefecer primeiro.
Thought vacation
Quando a Elsa Raposo descobriu que os hindus não comem vaca, desistiu logo das férias na Índia.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Ears have you
No fim de semana que passou queimaram-se 31 toneladas de cera no Santuário de Fátima. É mais ou menos o que a mulher-a-dias do Luís Filipe Vieira queima às Terças-feiras.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
When forever comes crashing
Um rapper, um escritor e ilustrador e um pianista. O inferno se existir está em promoção e cada vez melhor frequentado.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Spendind the afternoon in a slowly revolvin' door
Os voos da TAP são como a filha da Bibá Pitta na escola, estão sempre atrasados em relação aos outros.
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Quero
Se volto a ouvir a música da Miúda espeto uns pregos num bastão, vou até casa dela e também faço o que me apetece.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Theoretically driven
Há mudanças de sexo tão bem feitas que só se distinguem pelo estacionamento paralelo.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Linear failure
A Playboy portuguesa continua a ser uma porcaria, conseguiram pôr mais nudez numa capa com Jesus Cristo do que com a Rita Pereira.
Eye spy
Ainda não percebi se a capa da primeira edição da nova série da Playboy portuguesa é para ser sensual ou para sensibilizar sobre doenças oftalmológicas.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
None
“Em
terra de cego, quem tem um olho é rei”, um olho ou promoções com tudo a metade
do preço. Há umas horas o Pingo Doce fez um teste, sabia que seria difícil e
como tal preparou-se de forma exemplar: escolheu o dia da prova com
mestria e sem grande alarido deixou a equipa de marketing a trabalhar com
afincada dedicação na compra de mais uns milhares de almas, apenas distraída
quando os corninhos e a cauda começavam a ficar à vista. O resultado: um enorme
volume de publicidade gratuita e o feriado que se lixe, até porque, assim como
assim, já está lixado há alguns anos. Os norte-americanos, que sempre nos têm
habituado a expressões orelhudas, em 1929 gritaram “Crash!” e logo a seguir chamaram-lhe
Black Tuesday. Mais um nome que os yankees colocavam na história, em parte
devido ao rigor com que resume os tempos difíceis que vieram para as famílias
norte-americanas depois dessa Terça-feira sob pressão mas também considerando o
dia da semana. Afinal de contas, e respeitando o rigor cronológico que à
história se exige, tratou-se mesmo de uma Terça-feira. Curiosamente, e é aqui
que nos começamos a fartar das coincidências, foi também a uma Terça-feira, 4
de Maio, que no ano de 1886 durante uma manifestação de trabalhadores em
Chicago, alguém mais entusiasmado lançou uma bomba
contra uns polícias. Morre gente, gente cai, dispara a bala, bala dispara e mais uma vez se fazia história, violenta, pois claro, que é a mais romântica
de se contar. Um horário de trabalho digno era o que se exigia e foi preciso dinamite
para o alcançar, com isto não me chego nem perto à vermelhidão que as
conseguiu mas tiro-lhe o chapéu com a pompa que nem o Papa receberia se me
deixasse passar à frente na fila do supermercado. Para comemorar os
acontecimentos de Chicago decidiu-se parir o 1º de Maio – Dia do Trabalhador, este ano Terça-feira – dia de descontos no Pingo Doce. Serviu esta introdução para ponderar sobre o nome que se ajustará ao dia 1 de Maio de 2012 em Portugal: Dia do Trabalhador
ou Terça-feira Negra. Por um lado, temos os sindicatos e as organizações de
trabalhadores a celebrar o seu dia (que é de todos) com manifestações, festas
e outros eventos, tentativas umas mais dignas que outras de marcar um feriado
que se acaso fosse esquecido deixaria a porta aberta para um lugar certamente estranho.
Do outro lado o Pingo Doce com os estacionamentos lotados, reforços policiais à
entrada, confusão e batatada, prateleiras vazias sobre prateleiras vazias e
carrinhos de compras cheios sobre carrinhos de compras cheios. Os portugueses
onde andavam? Às compras e aos empurrões, quase em pânico, segundo alguns
relatos. Estava tudo a 50% queriam o quê, dignidade? Filas com horas de espera,
ordens de entrada e saída para as caixas registadoras puderem escoar, numa exaltada
afluência de fazer inveja às últimas presidenciais. Não tenho nada contra
campanhas de promoções, pelo contrário, nem tão-pouco vejo nas grandes
superfícies a passagem para o fim do mundo. Acho que de certa maneira o mercado
livre é uma entidade bela e libertadora ao qual só não se adapta quem foi mal
habituado, como os bebés que mamam para lá dos dois anos (num misto de incesto e pedofilia suportado por um academismo neo-hippie que além da paz e amor, apoia as mães que querem amamentar até os filhos irem para a faculdade). Não, nada
contra. Aliás, o Pingo Doce não só lucrou como um porquinho como encheu a
despensa de muito boa gente também como um porquinho e apenas por metade do preço, ou já se esqueceram da crise? O que se podia ter pedido, que respeitasse o feriado? Por essa lógica a 25 de Dezembro nenhum cristão seria pai e no Carnaval a Teresa Guilherme seria obrigada a ficar em casa para não impressionar os mais sensíveis com a máscara que a natureza lhe deu.
Não, nada contra. Só me aborrece que tenha sido preciso uns saldos para os portugueses demonstrarem aquilo de que são capazes. Tivessem mostrado nos últimos anos a mesma determinação em conseguir papel higiénico barato e a mesma capacidade de resposta quando a prateleira dos detergentes esvazia mas a dos enlatados é reposta e talvez não precisassem de tais barganhas.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Ordinary people do fucked-up things when fucked-up things become ordinary
A partir de hoje há um novo ditado: diz-me se foste ao Pingo Doce e dir-te-ei quem és.
None
Há
67 anos atrás a Blondi (uma cadela, não a banda) acordou e deu ao rabo. Porquê?
Sei lá, é o que os cães fazem: comem, dormem, brincam, dão ao rabo – à cauda na
verdade – e lambem os próprios genitais. É a única coisa que lhes invejo,
lamberem os próprios genitais e ainda assim ter as pessoas a sorrir-lhes, a
dar festinhas e a chamar beijos às lambidelas que recebem dos bichos. Eu se
lambesse a cara a alguém depois de dez minutos a salivar sobre os meus genitais
seria um porco depravado com causa provável para uma estreia em tribunal. Um
cão é fofinho. A Blondi (a cadela, não a banda) era uma pastora alemã.
Obviamente. Em pequena gostava de comer, de dormir, de brincar, de festinhas e
de destruir coisas com os dentes o que lhe valeu umas boas arrochadas até
aprender, após apanhar o bastante, que a raiva e adrenalina que concentrava em rasgar
chinelos, jornais e sapatos fazia muito mais pelo regime e pelo dono quando
aplicadas a judeus e ciganos. Pelo menos era o que o dono dizia e a Blondi (a
cadela, não a banda) como boa cadela que era, fiel companheira e animal bem
mandado ofegava com a língua de fora, focinho rasgado em sorriso e a cauda qual
hélice espanador a dizer que sim, que sim, apesar de só conseguir ladrar de
volta. Ao menos ladrava em alemão. Obviamente. Nessa manhã a dona acordou com
ela (ou já era tarde? Sem ver a luz do dia há duas semanas torna-se difícil adivinhar. Além disso desde que se mudaram – para lá de 3
meses que nestas coisas das datas os cães são muito chatos – que o cheiro lhe viciava a orientação. Até a ela, à
Blondi (a cadela, não a banda) começava a incomodar respirar dentro do bunker. Não é
por nada mas até um cão reconhece os avanços na higiene pessoal desde 1945),
chamava-se Eva mas a pastora alemã, se falasse, chamar-lhe-ia vaca de merda,
pão sem sal do caralho ou apenas puta. Não se trata de vernáculo desbocado,
longe de mim, mas se a Blondi falasse (a cadela, não a banda) teria síndrome de
Tourette, tão certo como ladrar em alemão. Obviamente. O dono acordou mais
tarde, estava mais magro e a barba ia agora para o terceiro dia sem ser
cortada. Guten tag meine Schatz, disse ele ainda ensonado, ao que a puta (a
Eva, não a Blondi (a cadela, não a banda)) respondeu com outro guten qualquer
coisa. Depois baixou-se à altura da cadela e afagou-lhe a cabeça. Num tête-à-tête
fraterno, suficientemente próximo para sentir o bafo quente do animal, disse em tom de acrescento ou como quem quer esclarecer
alguma coisa “sim, para ti também Eva” e foi lavar a cara. A cadelinha gostava
da atenção e se achasse, acharia que podia viver sempre assim, mesmo com saudades de correr
ao ar livre e assustar a malta dos pijamas, ainda que naquela altura pouco lhes
sobrasse para abocanhar. No bunker havia algumas crianças o que não a aborrecia
de todo e de vez em quando saia para passear, algo que não fazia desde que as
paredes começaram a estremecer com mais força e durante mais horas mas cuja
memória ainda dava para acalmar a vontade. De forma geral dir-se-ia que estava feliz e quando o
tempo era chato e o ar pesava tinha sempre os genitais para lamber ou um sapato
roubado que pudesse roer e lambuzar. Nesse dia deram-lhe comida a mais, sobras
da noite anterior. Tinha havido uma espécie de festarola com o dono e a Eva a
assinarem uns papéis e a beijarem-se de seguida. Estranhou a fartura
principalmente porque já há dez dias tinham comido bolo de aniversário
e nos últimos tempos nem as crianças escapavam ao chucrute de lata. Houve
charutos e cigarros de boquilha, conhaque, whiskey, champanhe e bombons e dançou-se ao som da
grafonola que variava entre Pfitnzer e Wagner. Obviamente. Que porcaria de
música ouve esta gente, pensaria a cadela se pensasse. O dono discordaria da
canina opinião mas também ninguém pede a um cão para animar a noite com o seu
gosto musical; qual gosto musical!, a Blondi (a cadela, não a banda) comeu até
se fartar e depois rebolou de cansaço. Para a sobremesa as criancinhas tinham
reservado uma brincadeira de cowboys e ela tinha sido escolhida para o papel de
cavalo; vá lá que não se lembraram de brincar à invasão de Troia. Dezenas de “hi-yo,
Silver!” depois e a Blondi (a cadela, não a banda) estava estafada e sem
fôlego, de língua à banda na alcatifa que minutos antes se enchera de areia de deserto, penas de índios e foras da lei mascarados. Tal era o cansaço que nem
estranhou quando o médico se aproximou dela, primeiro com meiguice e depois com
firmeza pois é firmeza que se quer quando se agarra um animal pela gorja. Blondi
numa mão (a cadela, não a banda) e seringa na outra com o fino tubo de
metal no ar, brilhante e em repuxo só para confirmar que dali saía o
pretendido líquido. Tudo pronto, pontualidade germânica. Obviamente. Um ganido,
talvez dois, e a pastora alemã passava a memória de cão em cabeça de homem, do
homem, já que a mulher, a puta, a Eva, sabia que o destino lhe seria
semelhante. Eva, crianças e demais todos corridos a cianeto colhido em pequenas
cápsulas, sem barulho e sem sujar que assim ficava tudo limpo e igual a antes.
Talvez pensassem que os deixariam ali envernizados como atracção de museu, não os
deixaram a eles mas deixaram outros tal era a distância do engano a que
estavam os suicidas do bunker. Blondi (a cadela, não a banda) e os outros já lá
iam e a Europa a caminho, quando poucos meses depois a D. Catarina e o Sr. Ricardo
de Miami adoptaram a Débora. Muito rebelde era a Débora, tão rebelde quanto
bonita e loira, muito loira. Não foi educada à pancada nem aos "senta, Débora" e "dá a pata, Débora", não fez de cavalo para ninguém e tão-pouco há relatos de que tenha lambido os seus próprios genitais. Também não há relatos de alguma vez ter sido cadela, apesar de uma
coisa não impossibilitar a outra se a flexibilidade for treinada com
insistência e uma boa dieta e do punk ser famoso pelas suas bizarrices. Não sei se conhecia a Blondi antes de fundar a
banda que a tornou famosa mas bastou meter-lhe um “e”, cantar meia dúzia de músicas
depois, new wave para ali, new wave para acolá e nascia mais uma estrela de rock platinada. Bonita, loira e
famosa, assim continua a vocalista dos Blondie. Animal, morta e desconhecida,
assim foi a cadela de Hitler. As efemérides são fodidas.
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