sexta-feira, 29 de junho de 2012

Who sold out now

Hoje é dia de separar o trigo do joio: há a malta que vai ao Sumol Summer Fest e depois há os que têm bom gosto.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

The long drive

Há cada vez mais desempregados, o fim da Segurança Social está à vista e vai ser um ano negro para a restauração e para os portugueses em geral, mas vejam as coisas pelo lado positivo: há um ano que não há concertos do Angélico.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

True colors

Uma vez a preta da minha turma disse que ficou verde de inveja por eu ter tido melhor nota que ela mas eu não notei nada.

Watermelon in Easter hay VII

A preta da minha turma não era muito esperta. Cada vez que se dizia "cada macaco no seu galho" a professora tinha de a ir buscar à árvore que havia no recreio.

Pit of equality

Sou a favor da igualdade para os homossexuais, por mim identificavam-se todos com o mesmo ferro de marcar.

Gold teeth on a bum

A medula está para os doentes de leucemia como os dentes estão para os romenos, feita em merda.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mighty healthy

Na língua do Eusébio SNS diz-se FPF.

his eyes, a thorn in my side

É uma ironia do caraças que o estrábico do Medina Carreira participe num programa chamado Olhos Nos Olhos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

None

Há uma grande abundância de apoiantes da selecção portuguesa de futebol, algo que se pode confirmar com mais rigor durante as fases finais das competições internacionais de selecções. Trata-se de uma simples observação que nada tem de errado, tanto na forma como no conteúdo e, portanto, num primeiro plano estou certo. Quanto a um segundo veremos. Ei-lo: há depois um outro número, talvez não tão abundante mas de certeza muito mais irritante, que são aqueles adeptos da selecção todos eles extremamente felizes e sorridentes, paladinos do optimismo cego, caixeiros-viajantes de um tipo de patriotismo desportivo que alguns de nós se recusam a comprar. Alguns até mudam o guarda-roupa durante as provas como prova da dedicação à equipa nacional. Outros saem mais cedo do trabalho ou abrem excepções no orçamento doméstico para acompanhar com as devidas calorias as jogadas de Nani e companhia. Muitos apostam na regurgitação de frases de apoio e análises aos jogos da equipa, aposta ganha pelo poder epidémico das redes sociais; há ainda os que apostam dinheiro. Outros tantos esforçam-se de tal maneira a filosofar dentro das 4 linhas que é frequente, nas suas expressões de apoio bajulatório, confundirem optimismo com positivismo. Não é grave, o mais provável é que Comte também não se desse ao trabalho de decorar a convocatória da selecção portuguesa. Eu já apoiei a selecção, juro que sim, com direito a cadernetas da Panini religiosamente completadas e tudo, mas nestes últimos anos tenho vindo a fermentar um nojo sincero por tudo aquilo que rodeia a selecção e o efeito que isso tem na vida dos portugueses. Desde o primadonnismo dos jogadores estimulado pelos media (sobre estes nem falarei pois o que me sobra em nojo falta-me em tempo), até à duvidosa gestão da FPF com gastos ofensivos que tantos portugueses desculpam com justificações estúpidas (porque para a prodigalidade com fundos públicos só na estupidez se encontra justificação), passando pela UEFA de Platini e pela organização do Euro 2012 por países ao nível de uma China no que toca a limpar as ruas e a arrumar a casa, culminando na alienação temporária dos cérebros portugueses sobre aquilo que realmente os devia fazer pensar. E o que me irrita nessas pessoas que se animam durante 90 minutos de uma maneira que faria inveja a qualquer um, não fosse a acefalia que lhe está associada, é que não percebem, simplesmente não percebem o efeito que este pani et circenses tem nas suas vidas. Talvez daqui a uns dias abram os olhos ao acordarem da modorra que é o sonho do Guilherme, o garoto da Galp. A mesma Galp que neste momento compra barris de Brent ao preço de 2010 e vende gasolina ao preço de… Bem, quase ao preço que lhe apetecer, na verdade. Talvez abram os olhos para a bastonada dada nas pernas da liberdade de imprensa e que a prostrou aos pés do ministro Miguel Relvas, ou para o coma europeu que se aprofunda depois das eleições gregas e da camuflagem da situação espanhola, ou talvez leiam os rodapés dos noticiários e se iluminem para mais uma derrapagem orçamental em vista. Eu sei que me torno um alvo fácil por esta causticidade toda e por apoiar um clube de futebol em oposição à renuncia em apoiar a selecção nacional mas um clube é privado, não se tem de justificar o gosto. Com a selecção é diferente mais ainda na situação em que está o país e, novamente, essas pessoas não vão perceber porque quando argumentam com o prestígio que uma selecção pode dar a um país esquecem-se do estado em que está o vencedor do Euro 2004. Mas o que me irrita mesmo é que, quando confrontadas, o mais eloquente que se consegue destas pessoas é uma variação qualquer da frase “há pessoas que só estão bem a dizer mal”. Além da beleza que uma contradição entre bem e mal (como céu e inferno, Verão e Inverno ou Postiga e golos) pode dar a uma observação tão pouco perspicaz, há ainda uma espécie de hipocrisia involuntária em criticar os que só estão bem a dizer mal, pondo à vista o círculo vicioso onde quem observa e contradiz os maldizentes se alista automaticamente no mesmo clube. Este é o tipo de gente que faz de Portugal um país onde as pessoas são capazes de jantar todos os dias omelete mas insistem em dizer que usam ovos Fabergé, um país de ruas da Betesga em rossios e peneiras em dia de sol. Um país onde se substitui sem vergonha o interesse pelos erros governativos e as injustiças que daí vêm pelos golos do Cristiano Ronaldo e onde as estatísticas mais debatidas se referem às assistências feitas pelo Coentrão. Depois da vitória de ontem frente à República Checa é possível que a selecção nacional vença o Euro 2012, mas o que podia importar realmente Portugal perdeu há já muito tempo: o juízo.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Distill (watching the swarm) II

O desemprego está para Portugal como as doenças venéreas estão para África.

Distill (watching the swarm)

"Deficientes mentais na UE continuam a ser vítimas de discriminação" mas Portugal é uma das excepções, por cá até lhes dão cargos públicos e tudo.

Inside it all feels the same

As mulheres são como os brindes dos Ovos Kinder: umas são divertidas e dão para montar mas outras um gajo só fica a olhar e a pensar que de raio merda é aquela.

Missing a warm light II

Tenho tantas saudades para matar que não sei se apanhe um avião ou compre um revólver.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Vice

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Da mystery of chessboxin'

No xadrez os bispos comem na diagonal, na igreja católica comem de quatro.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Counterparts and number them

Hoje por ser dia mundial da criança decidi fazer uma lista de coisas que as torna tão especiais:

- Não percebem piadas
- Mijam e cagam em qualquer lugar e demoram anos a perceber que é errado
- Afogam-se facilmente
- Não apreciam boa música
- Choram por tudo e por nada
- Acreditam em tudo o que lhes dizem e pensam que tudo o que dizem é verdade
- Precisam de ajuda para tudo
- São baixas e limitadas
- Não têm conversas interessantes
- É crime bater-lhes
- São quase todas iguais
- Perdem-se com facilidade
- Exigem demasiada atenção mas têm dificuldade em mantê-la
- Comem lixo
- São barulhentas
- Desarrumam tudo
- Não têm seios
- Não sabem falar correctamente
- Acordam demasiado cedo
- Lidam mal com a negação
- Acham que gritar é a melhor maneira de chamar a atenção dos outros
- Passam a vida no chão
- Quando vêem um poço atiram-se lá para dentro e se morrem a culpa nunca é delas
- Têm medos estúpidos
- Acham que a televisão é a melhor coisa do mundo
- Não sabem agarrar em animais
- Querem saber tudo mas nunca percebem nada
- Não têm maneiras à mesa
- São chatas e repetitivas
- São frágeis
- Mexem em tudo
- Nunca estão quietas e  quando é preciso que se mexam ficam paradas
- Cansam-se facilmente
- Não dão valor a nada
- São caras
- Não têm cuidado com a higiene
- Estão sempre rodeadas de outras crianças
- Têm ambições parvas
- São egocêntricas
- Não trabalham
- São materialistas
- Fazem birras
- Exageram em tudo
- Não sabem mentir mas fazem-no
- Têm pouca memória
- Tornam tudo mais triste (por exemplo, se um adulto morre é triste mas se for uma criança é muito triste; por outro lado, se uma criança diz um disparate enquanto se borra nas calças é divertido mas se for um adulto é muito triste)

None

Pico, 31 de Maio de 2012

Caro Fernando,

Hoje traí o motivo mais forte da nossa relação, o único na verdade. Demorei alguns dias a pensar se o devia fazer, procurei soluções e por fim decidi-me. Fui em frente. Não foi fácil, por favor não julgues que o tenha sido. Os passos que tomei doeram a cada movimento e procurei durante todo o caminho por desculpas que me pudessem atrasar. Era necessário, entendes? Precisava de mudar, não digo uma mudança séria mas, pelo menos, um corte, algo que me aliviasse deste fardo. E que fardo! Se ao menos o pudesses ver ali caído como cachos talvez compreendesses mas assim não tenho a certeza. Oh, a memória de vê-los no teu chão e não neste... O chão, os espelhos, a técnica e os movimentos e a maneira de o tocar foram de tal modo diferentes que nada ficará igual. Já não me recordo da última vez que uma mulher lhe tinha tocado, desta forma quero eu dizer. É uma grande mudança para mim, sabes? Estou neste momento mal disposto e talvez se deva ao que fiz apesar de o ter feito por simples necessidade e não por um qualquer capricho de traidor. Talvez a necessidade não seja assim tão simples mas está feito e agora de nada vale discorrer sobre a mesma. Como disse foi uma mulher, as mãos dela tocaram-me e retocaram-me e se devo apontar-lhe alguma falha apenas referirei que não o humedeceu antes, como sempre tiveste o cuidado de fazer. Recordo agora os tempos em que chegava e te via e me sorrias com o buraco de um dos molares superiores a sorrir também. Por vezes tinha de esperar e apesar de te saber concorrido sempre esperei, e quando dizias que já não dava e me aconselhavas a voltar outro dia eu aceitava com a certeza de que havia de regressar para as tuas mãos. Nesse tempo que dedicávamos um ao outro as tuas mãos pertenciam-me e eu, em parte dominado pelo medo de me magoar, ficava imóvel à mercê delas. A atenção que tinhas era toda para mim e com a delicadeza que te vive apenas na ponta dos dedos fazias a tua arte. De barba e careca ruivas, a bata verde morto ou branco vivo e sempre com um comentário xenófobo ou um apontamento sobre caça prontos a quebrar o silêncio que raramente aparecia, lá me cortavas o cabelo. Esses tempos foram agora alterados para sempre e a mantê-los vivos fica a memória e a certeza de que voltarei a sentar-me na tua cadeira, ainda que não saiba quando. Deixaste de ser exclusivo e é exactamente isso que te quero dizer com esta carta. Desta vez quem me cortou o cabelo foi outra pessoa, uma mulher, uma desconhecida, uma "estrangeira" se aí falássemos deles como cá falam de nós. Calou-se sempre e quando falou foi sempre por minha iniciativa e sempre num tom forçado e desconfiado. Ao contrário de ti, que a tens redonda, esta tinha uma face longa, uma expressão equídea, e se "a cavalo dado não se olha o dente" arbitrasse as pessoas que trabalham com cabelo estarias em desvantagem mas, que fique claro, somente pela comparação de dentaduras. Não se pode dizer que era feia e com certeza lhe apreciarias o rabo muito melhor que eu pois tenho para mim que um homem da tua idade e aspecto, além de casado, a certa altura diminui as exigências para manter viva a ilusão de que a lamparina de galã ainda tem azeite suficiente que a faça brilhar. Sobre a cabeleireira não sei o nome, apenas decorei que tem um filho na fisioterapia tal foi a pobreza da conversa. Tu tens filhos e filhas e deles sei muito mais, bem como de mim conheces o suficiente para mantermos os nosso diálogos sem dificuldade. Além disso, entre os teus clientes encontro amigos e familiares e isso nota-se sempre que repetimos um assunto como se a afinidade estivesse decorada. Esta não usou uma lâmina para me rapar a nuca e no final não me salpicou o pescoço com álcool seguindo-se umas palmadas agradáveis. Por causa dos nervos e do ar condicionado suei o tempo todo e não foi pouco, foi muito, tanto que à segunda vez o ar do secador veio frio. Entendi isto como uma pequena atenção da parte dela mais pelo incómodo que lhe causava o brilho da minha testa do que pelo meu conforto enquanto cliente. O preço do corte é igual ao que cobras mas este custou-me mais a pagar. Quanto ao tempo sobe para o dobro, se aí as visitas eram curtas e simpáticas esta foi longa e aborrecida. O cabeleireiro (não imaginas o que custa associar-me a esta palavra) fica no interior de um hotel e não no início de uma avenida com a porta sempre aberta para quem quiser parar e disparar um impropério ou dizer olá. Também não tem um canário amarelo nem uma televisão onde praticamente só se vêem programas sobre a vida selvagem. Em miúdo cheguei a cortar o cabelo num barbeiro recheado de calendários religiosos antigos e fotografias do João Paulo II e onde no meio disto se anunciava numa folha A4 a venda de mel "ao natural". Por receio de que o anúncio se materializasse num velho nu a negociar o doce referido nunca cheguei a perguntar o preço dos frascos. Uma vez ao ver-me esperar perguntou o que é que ia ser, respondi-lhe que queria comprar arame farpado e ele mandou-me sentar, ignorando o sarcasmo. Doía-me sempre a cabeça depois de sair, parecia que cortava o cabelo à paulada. Contigo nunca foi nada disto e o único réclame que tens na parede é de um homem que renova licenças de arma e cartas de caçador, por certo um favor concedido a algum companheiro de tiros. Lamento ter sido eu e não a reforma que há anos ameaças (se bem que a da SPAL já ninguém te tira) que tenha levado a este meio, porque isto é apenas um meio e não o fim. Durante anos pensei que não cortaria o cabelo em outro lugar se não aí, o mesmo vale para a leitura da versão física do Correio da Manhã. Mesmo não gostando de admiti-lo sei agora que não era verdade, isto em relação ao cabelo, quanto ao jornal mantém-se e desde o nosso último encontro que não pego numa edição do dito cujo. O cabelo não ficou como fica quando são as tuas tesouras mas está próximo e, apesar de tudo, estou satisfeito. Continuarás a ser o meu barbeiro e noutras condições não o diria mas por agora a exclusividade terá de ficar suspensa. Espero que a caça vá bem e os níveis de colesterol também.


Abraço,

Rocco


P.S.: Já conseguiste pôr o anúncio de não sei o quê que querias vender no Olx?