sexta-feira, 21 de maio de 2010

Professional dog walker

Porque raio alguém acreditaria que cantar a música Parabéns a Você duas vezes enquanto se lava as mãos é a única maneira de eliminar todos os germes? Não faço ideia mas também não é importante, desde que funcione... e é exactamente disso que nos fala Whatever Works, por muito estranho que algo possa ser, se realmente funcionar já não é mau. Vejam o caso da convocatória do senhor Carlos Queiroz, por exemplo: é uma porcaria com pouco jeito mas se formos à final, que se lixe - resultou. Ou o queixo da Teresa Guilherme, que se algum dia tiver filhotes já tem ali uma bonita sombrinha onde os deitar durante as sestas na praia, poupando um dinheirão em chapéus de sol. Hum. Desde 2008 há três tipos de pessoas que gostam dos filmes do Woody Allen: as que gostam, as que não gostam e as gajas que gostaram do Vicky Cristina Barcelona por ser um bom filme para as miúdas, que apesar de burrinhas se acham todas cosmopolitas e modernaças (e aqui a esperança é mesmo a última a morrer, infelizmente), dizerem que adoraram. E isto não é assim tão mau. Quer dizer, antes isto do que falarem no Pearl Harbor quando a conversa é sobre bons filmes de guerra. Existem também apenas três tipos de sitcoms: as boas, as muito boas e as muito más. Podia dar um exemplo para cada uma das categorias mas um jogo é mais divertido e assim os que acharem a Big Bang Theory muito boa não se sentem tão estúpidos, já que este jogo não tem um resultado certo. Assim sendo, temos Arrested Development, Two and a Half Men, That 70's Show, Everybody Loves Raymond, Allo Allo, The Fast Show, Big Bang Theory, Green Wing, Man Stroke Woman. São três séries para cada um dos tipos de sitcom, divirtam-se! Continuando. Imaginem então (depois de se divertirem que nem uns tontos com o joguinho que inventei) o melhor destes dois mundos num só filme. Larry David (o careca por detrás de Seinfield e Curb Your Enthusiasm) faz de Boris, um gajo de meia-idade, génio da física e coxo que trata mal os alunos de xadrez e que se vê envolvido com Melody, uma miúda bonita do Mississippi, loira e burra que nem uma porta que ao longo do filme até vai evoluindo mas nunca o suficiente para deixarmos de achar que ela estava bem era a fazer porno. Todo o filme se passa à volta deste velho rezingão, misantropo e ateu, hipocondríaco incurável e detentor de um pragmatismo pessimista no que toca a interacções sociais de fazer inveja. E pronto a história é esta, afinal de contas é apenas mais uma comédia romântica do único realizador de comédias românticas de jeito. Mas o que é bom é exactamente isso. Com Woody Allen não há surpresas desagradáveis, como quando vimos uma gaja à noite e até a achamos boa e quiçá interessante mas depois vai-se ao Facebook e "hum... ok, o teu filme favorito é o Coyote Ugly e a tua citação favorita é carpe diem, 'tá certo então". Não, Woody pega naquilo que sabe fazer melhor e fá-lo bem, sem inventar e ainda assim sem parecer velho e chato. As incríveis mudanças de personalidade dos pais da garota loura durante o filme não podiam ser mais exageradas, gozando propositadamente com aquele tipo de pessoas que mal vão estudar para Lisboa se acham na obrigação de pôr uma fotografia no Facebook com um copo do Starbucks na mão. Muito para a frentex, de facto. O filme tem boas conversas proporcionadas em grande parte pela deliciosa diferença de génio entre Boris e Melody (confundir protões com cretinos não é para qualquer um) e a cena em que a mãe da garota sulista bate à porta ao ritmo da Sinfonia nº5 de Beethoven está muito boa. Vejam o filme, que além de até ser bom não é muito grande. Se forem um daqueles casos que só gostaram do Vicky Cristina Barcelona vejam este também. Quem sabe, até pode ser que apreciem e deixem de gostar daquelas merdas britânicas com o Hugh Grant e companhia.

Bom: Aprendi uma nova palavra - concatenar; a burrice da moça de voz country é tão grande e inocente que se torna bonita. Quando fala do prémio Nobel, a confusão com o nome Muggeridge ou quando pensa que o senhor jogou nos Yankees... muito bonito.

Mau: A personagem de Larry David parece não gostar muito de marisco o que torna a sua genialidade altamente questionável; já que a moça vai para Nova Iorque cheia de sonhos e aberta a novas experiências e não-sei-quê bem que podia haver uma cena de lesbianismo, just saying.

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